Olhei no espelho
E reconheci meu próprio rosto
Agora sei de quem se trata
Estou simpatizado comigo mesmo
Estou vendo um filme em retrocesso
Espantados com etapas que passei
Algumas bem vividas
Outras queimadas por iniciativas
Várias por vaidade
Muitas para acelerar o tempo
Cheguei
Cair em mim
Poxa já passei dos 40
Êxtase puro me percebi
Agora com um olhar maduro
Putz merda, fixo o olhar no espelho
E vejo alguns sinais
Opa! Olha uma ruginha aqui
Vixe tem um pezinho de galinha
Mas logo ao lado dos olhos?
Nada de mais, revigoro a minha vaidade
É, estou conformado, cheguei aos 50
Compreendo que a felicidade é isso
Chegar até aqui sem perder o élan
Tento baixar os olhos
Temeroso, não nego
Resisto mas não tem jeito
Olha lá a saliente barriguinha
Disfarço e tento em perfil
Agora lateral murchando
Inflo o peito
Tenho consciência
Puro disfarce
Mas continuo aqui
Firme e forte aos 60
O cansaço já é fácil
As caminhadas mais curtas
Algumas dores em certas juntas
Já sinto falta das lubrificações
Que o tempo esqueceu de fazer
Os 70 pintaram
As recordações já incomodam
A melancolia aflora
Os passos mais curtos
Deslizando na experiência
A voz arrasta
Começo ouvir mais longe
A falta da certeza
Não conheço mais alguns amigos
Cheguei aos 80
A vista mais cureta
A vida mais curta
A pele enrugada
Tenho consciência
A morte espero
É o ciclo da vida
2 comentários:
Oi,Luiz Miranda.
Conheci o seu blog através do blog da minha colega,a jornalista Priscila Bastos.Entrei e li o poema,"ciclo da vida "
Agora,deixo os meus comentários sobre ele.Primeiro,queria lhe dar os parabéns pelo poema.
Quando li o seu poema ,lembrei do verso que escrevi no meu poema homenagem para o poeta português, Fernando Pessoa "A uma pessoa" que resume esse poema nessa frase que diz o seguinte :
"A vida passa ,caminha suave, na velocidade na uma nave e quando você se dar conta,"Alvaro Reis"Não pode fazer nada"
abraços
oi luiz quero lhe dar meus parabéns seu trabalho é muito bom tambem sou apaixonada por poesias escrevo e vera lucia ja foi minha prof
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