terça-feira, 20 de julho de 2010

SOBREVIVENTE DO DESTINO

Eu já sei quais vão ser as minhas desculpas

Quando eu sair por ai

Tropeçando nos meus sofrimentos

Encarando o vazio de frente

Soprando fantasmas

Em de bolinhas de sabão.

O vento e o tempo

Quando passo por eles

Dou adeus

Eles nunca voltam

Eles sempre têm um caminho sem retorno

Triste de quem eu encontrar pela frente

Clamando justiça de certos alheios

Vou pegar a espada da fome

Levantar o meu roupão

E mostrar o quando minha barriga está vazia

Não de comida, ela, eu encontro nos lixos

Mas de amor, carinho, paz e compreensão

Essas fomes matam mais que Haiti

Mata a ti e mata a mim, sociedade

É dura a minha realidade

Imagino-me na marginalidade

De um mundo do meu pensamento

Que o vento passou correndo

Mas mesmo assim não levou

Deixando apenas desculpas

Para que eu continue aqui na penúria

Puta da vida com raiva da fama

De passeio alheio e ao relento

Exposto a tudo a fome e vento

Saio e procuro e o que encontro

Muros vazios, pneus em camas

Rampeiras, não, prostitutas sim

Afim de mim para matar sua fome

Deito com elas e outros mendigos

Bendigo amigos que me ensinam a viver

Da fome, da sede, da ânsia e gana

São armas usadas para sobreviver

O tempo não volta, e nos dar as costas

Seremos sempre estatísticas

De páginas policiais

Ou organogramas da desigualdade social

Ai sim passamos a fazer parte

De um noticiário nacional

De um programa de estudos

De recursos liberados

Que depois de certo tempo

Cai-se aos esquecimentos

E o que nos resta?

Voltarmos a ser o que somos

Sobreviventes do destino.

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