terça-feira, 20 de julho de 2010

QUERO UMA MULHER

Quero uma mulher nua

No sentido mais completo

Da palavra despida

De coisas que lhe são peculiares

Quero uma mulher

Que acenda minha sanha

Que me faça homem

No sentido mais completo

Quero uma mulher

Que aguce o meu instinto

Que diante das suas químicas

Me faça tremer de desejo

Quero uma mulher

Que quando eu beije

Arrepie os meus pelos

E que eu fique no avesso

Quero uma mulher

Pode ser até complexa

Mas com medidas ideais

Sem usar a fita métrica

Quero uma mulher

Que não seja Amélia

Que discorde de mim

Para que tenha raiva dela

Quero uma mulher

Nos limites exigidos

Nos suspiros ilimitados

Quebrando o meu silêncio

Quero uma mulher

Com curvas esculpidas

Diretrizes definidas

Para me fazer ciúmes

Quero uma mulher

Que eu possa chamar de fêmea

Que deite na minha cama

Que me faça ser pequeno.

QUANDO ME VI

Quando eu me descobrir

Eu me vi despido

Com os versos na boca

Assim eu me vi poeta

Quando eu me descobrir

Eu mi vi luz, reluzir

Vi que eu poderia ser o que sou

Poeta, com grandes sonhos

Quando eu me descobrir

Eu vi, vi que podia

Ser um pássaro

Livre com são os versos

Quando eu me descobrir

Eu vi que podia

Ser o homem livre

O homem poeta

Quando eu me descobrir

Eu me vi a me mesmo

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ANDAR, ANDAR POETA

Um único silêncio

Aquieta a minha alma

Andar, andar poeta

Sempre a procura da porta

Na última passagem

Chegando a tramela

Andar, andar poeta

Nessa porta passarela

Pisando na praia seca

De uma areia macia

Andar, andar poeta

Tocando os pés na água fria.

Erguendo os olhos ao céu

A procura de luminosidade

Anda, anda poeta

Em busca da felicidade

Andou, andou o poeta

Passou pela tramela

Chegou o poeta à porta

Felicidade estava nela

Ergueu os olhos ao céu

Felicidade encontro

Na noite escura e nua

O poeta se encontrou.

Andar, andar poeta.

SOBREVIVENTE DO DESTINO

Eu já sei quais vão ser as minhas desculpas

Quando eu sair por ai

Tropeçando nos meus sofrimentos

Encarando o vazio de frente

Soprando fantasmas

Em de bolinhas de sabão.

O vento e o tempo

Quando passo por eles

Dou adeus

Eles nunca voltam

Eles sempre têm um caminho sem retorno

Triste de quem eu encontrar pela frente

Clamando justiça de certos alheios

Vou pegar a espada da fome

Levantar o meu roupão

E mostrar o quando minha barriga está vazia

Não de comida, ela, eu encontro nos lixos

Mas de amor, carinho, paz e compreensão

Essas fomes matam mais que Haiti

Mata a ti e mata a mim, sociedade

É dura a minha realidade

Imagino-me na marginalidade

De um mundo do meu pensamento

Que o vento passou correndo

Mas mesmo assim não levou

Deixando apenas desculpas

Para que eu continue aqui na penúria

Puta da vida com raiva da fama

De passeio alheio e ao relento

Exposto a tudo a fome e vento

Saio e procuro e o que encontro

Muros vazios, pneus em camas

Rampeiras, não, prostitutas sim

Afim de mim para matar sua fome

Deito com elas e outros mendigos

Bendigo amigos que me ensinam a viver

Da fome, da sede, da ânsia e gana

São armas usadas para sobreviver

O tempo não volta, e nos dar as costas

Seremos sempre estatísticas

De páginas policiais

Ou organogramas da desigualdade social

Ai sim passamos a fazer parte

De um noticiário nacional

De um programa de estudos

De recursos liberados

Que depois de certo tempo

Cai-se aos esquecimentos

E o que nos resta?

Voltarmos a ser o que somos

Sobreviventes do destino.