domingo, 7 de setembro de 2008

Brasileiro, Por Que Não?

Sou brasileiro nato.
Legitimo neto de mestiço
De origem de cortiço
Morador de beco estreito
Onde carroça é transporte
Onde o bom dia e boa noite
Por quem passo tenho que dar.
Fui ensinado de maneira
Não pensar que é besteira
O respeito demonstrar.
Calçada lisa de passeio decorado
Estrutura paralela
Gasto sola de chinela
Tropeçando vou andando
Para frente vou seguido
O caminho do meu destino
O meu pão eu vou ganhar.
Aprendi que o trabalho
Engrandece o grande homem
Dignifica consciência
Com prudência vou andando
Enxergando todo canto.
Candeeiro é minha luz
Que do poste se reluz
Para que eu possa enxergar.
Adiante vou seguindo
Essa luz do meu destino.
Como o tino que eu tomo
Casaco velho e de pano
Calça cerzida remendada
Que o tempo fez rasgar.
Não por raiva mais por uso
De um segundo dono
De ser única para todos
Dentro de um simples e belo lar.
Felicidade com pobreza
Esnobando a vazia mesa
Onde o alimento fez faltar.
Onde a fome é que manda
Felicidade só de engano
Bebe água para dormir
E o estomago enganado.
Outro dia a mesma lida
Da ruim e triste vida
De não ter nenhuma lida
Ou padrinho pra bancar.
Independente da situação
Vivo alegre e satisfeito
Vivo sempre do meu jeito.
Carnaval tem todo ano.
Aproveito os desencantos
Vivo sempre no meu canto
Porque sirvo de exemplo
Da estatística demográfica
De um país que rir de graça
Da desgraça do faminto.
De um pedinte do destino
Triste sina de um menino
Que um dia se fez homem.
Contentou-se com tão pouco
Pois o esforço se fez grande
Sem mais força de lutar.
Independente de toda situação
Bate no peito e questiona
Brasileiro, Por Que Não?

Luiz Menezes de Miranda

Os seus cabelos brancos

Estes seu cabelos brancos
Que o tempo pintou
Mesclando gradativamente
De alegrias, desgostos e dor

Muitos mais foram às alegrias
Poucas foram desgostos e dor
O enbranquecimento dos teus cabelos
Tenho certeza
Foram feito de alegria e amor

Bem verdade já foram pretos
Reluzentes até brilhou
De tão negros que eram
Vamos saber quem desbotou

Felicidade colaborou
Com uma mecha em quantidade
Sabedoria forneceu alguma coisa
Mas quem o pintou mesmo foi à idade.
Salvador, 07/09/2008
Luiz Menezes de Miranda